sexta-feira, 3 de setembro de 2021
sábado, 29 de maio de 2021
Lançamento URBANO - José Henrique Nogueira
Lançamento do EP "Urbano", quinto trabalho de estúdio do compositor e educador musical José Henrique Nogueira, evoca valores que sustentam a vida moderna nas cidades: música, encontros e perspectivas
Por Octavio Perelló
Os elementos urbanos atestam o título e apontam o processo de criação marcado pelas pausas e acelerações da vida no Rio de Janeiro, onde a natureza circunda a expansão do concreto e oferece belezas e riquezas sonoras. Entregam ainda a trajetória do músico, compositor, musicoterapeuta, escritor e educador musical José Henrique Nogueira nos palcos, bares da vida, estúdios e salas de aula, reunindo experiências artísticas, acadêmicas e de vida que sintetizam a arte de reunir, entreter, encantar e cuidar de pessoas.
O EP "Urbano" é o quinto trabalho de estúdio de José Henrique Nogueira, após o lançamento dos CDs "Caiçara", "Curiosa Idade Musical I e II", e do compacto duplo "Mar" (vinil), este último lançado no início da carreira. Sua obra é permeada ainda de livros autorais sobre Educação Musical, coordenação acadêmica, pesquisa e ensino, além de criações musicais para teatro. José Henrique Nogueira é também idealizador e diretor do Espaço 23, que há doze anos oferece Música e Musicoterapia aos alunos, em Laranjeiras, no Rio de Janeiro.
O mais recente trabalho, "Urbano", chega ao público ainda em plena pandemia, marcando o encontro musical do compositor e violonista com os músicos Guto Goffi, José Staneck, Gastão Villeroy, Nilo Romero, Raimundo Luís, Lui Coimbra e Nana Simões. Os criativos arranjos do compositor, somados à competente execução dos músicos, com mixagem e masterização de Luizinho Mazzei, apresentam composições maduras para a audição dos mais requintados gostos musicais.
Os destaques, sem tirar nem pôr, vão para todas as faixas (Balada para Pat Metheny, Era um Blues, Canon Blues,Trilha dos Pássaros e Urbano), que têm características particulares em suas propostas e andamento, embora exibam o mesmo DNA. Mas vale destacar duas, em especial, que foram antecipadas ao público: "Canon Blues", que ao mesmo tempo que tem uma intrínseca elaboração rítmica e melódica sobre o tema, tem ainda um apelo ao encontro, à diversão e à improvisação; e "Trilha dos Pássaros", que remete ao modo pessoal de tocar violão do autor e se desenvolve no intuito de criar imagens sonoras que possam trazer a leveza e a magia dos pássaros no ambiente urbano.
"Estou muito feliz com esse novo trabalho e com os encontros que ele me proporcionou. Foi tudo feito com amor e dedicação à música."
As cinco faixas do EP "Urbano" podem ser acessadas nas plataformas digitais Spotify, Apple Music e Deezer, além dos videoclipes que estão disponíveis no YouTube. (Assistir “Canon Blues” e “Trilha dos Pássaros” nos links abaixo)
https://youtu.be/1HfdTDP4xCs https://youtu.be/OUNEUqJi5ac
segunda-feira, 4 de janeiro de 2021
Músicoterapia e música contemporânea
Musicoterapia e a Música Contemporânea
O que é música? Essa pergunta para ser bem respondida, se faz necessário um recorte histórico, pois a música foi se estruturando no decorrer do tempo, adquirindo formas diferentes, seguindo seu rumo, sua evolução, que não é qualitativa, pois cada estrutura musical tinha sua beleza correspondente com a estética e possibilidades de cada época. As estruturas desenvolveram-se com a evolução dos instrumentos musicais, que instigavam os compositores, que por sua vez criavam novas estruturas sonoras e assim sucessivamente desde a pré-história musical até as possibilidades musicais futuristas que ainda estão por vir.
Neste percurso, surgem no século XX inúmeros compositores que, insatisfeitos com a monotonia das estruturas musicais vigentes da época, começam a criar música fugindo da estética sonora e gráfica da época, isso porque paralelamente as propostas de uma nova música rompendo com o passado, surge uma nova grafia musical. Dentro deste espectro chamado de Música Contemporânea, surgem inúmeras propostas de organizações sonoras ou musicais, tais como: música atonal, música experimental, concreta, eletrônica, aleatória, entre outras. Surgem compositores como: Stockhausen, Cage, Schoenberg, Messiaen entre muitos outros.
E como a música contemporânea pode contribuir com a musicoterapia? Quando a música contemporânea trouxe novas possibilidades sonoras, um novo conceito para o que vem a ser música (mais amplo), uma nova escuta e novas possibilidades gráficas para a música, ampliou de certa forma as possibilidades musicais para as atividades de musicoterapia. A música contemporânea não é algo simples. Pelo contrário, as estruturas sonoras compostas para serem interpretadas apelos músicos são extremamente complexas e necessitam de horas de estudo e de prática. Porém, podemos oferecer aos pacientes de musicoterapia, alegrias musicais com as construções sonoras, composições terapêuticas ou pedagógicas com a sonoridade que música contemporânea trouxe para o cenário musical. Sigo sempre um princípio básico para fazer música com meus pacientes, que não se modificou com o decorrer dos tempos: música é uma estrutura sonora organizada, com início e fim bem determinados e com intenção musical.
A estética musical terapêutica ganha outra dimensão com o advento da música contemporânea, fica mais generosa, favorecendo aqueles que por motivos diversos, seja por dificuldade física ou psíquica, possam por meio dos sons possíveis de serem produzidos, organizarem estruturas que possam vir a ser chamadas de música. Essas atividades trazem para muitos uma sensação positiva, de bem estar, fazem com que consigamos juntos organizar as possibilidades sonoras que antes pareciam caóticas e sem organização. Essa, para mim, dentro do meu contexto musical terapêutico é a mais importante contribuição que a música contemporânea trouxe para a musicoterapia; a ampliação da estética musical.
Importante ressaltar que a música tradicional continua viva e sendo utilizada na prática da musicoterapia, suas estruturas continuam trazendo muito prazer para aqueles que conseguem ingressar neste universo. É terapêutico poder vir a tocar uma bela melodia num instrumento, um pandeiro, uma bateria. Inclusive a música tradicional pode vir a ser mesclada com a contemporânea e vice versa.
A musicoterapia, e consequentemente o musicoterapeuta, devem estar preparados e abertos para receber, utilizar e organizar todas as possibilidades sonoras: ruídos, grunhidos, estalidos, sussurros, balbucios, gritos, silêncio, enfim; é possível fazer música com os mais diversos tipos de sons na prática musicoterapeutica.